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Corrida para eliminar a gasolina de vez

De olho no preço do barril de petróleo, montadoras e fabricantes de injeção eletrônica investem no aprimoramento do bicombustível

O sistema bicombustível está cada vez mais em pauta no mercado automobilístico. Depois da ANFAVEA anunciar que as vendas dos automóveis que rodam com qualquer proporção de álcool e gasolina ultrapassaram as vendas dos modelos convencionais, as fabricantes de autopeças se aprofundam nas pesquisas relacionadas ao bicombustível.

A Fiat do Brasil lançou recentemente as versões bicombustível dos modelos Mille, Palio e Siena, todos equipados com o novo motor Fire 1.0 Flex. Somos, a partir de hoje, a montadora com a melhor oferta de veículos bicombustível do mercado brasileiro. O Mille Fire é o flex mais barato do Brasil, comentou na ocasião Lélio Ramos, diretor comercial da Fiat.

A resposta da General Motors apareceu com o lançamento do Chevrolet Celta, que inaugurou o sistema bicombustível fornecido pela Delphi. Apesar das especulações quanto a uma nova geração do modelo para o fim do ano, o líder de vendas da marca continua gerando bons números com a nova tecnologia. Uma forma de aquecer o mercado e não perder terreno.

Dois gigantes, Magneti Marelli e Bosch, anunciaram recentemente um sistema que elimina o velho recurso usado desde a época do pró-álcool. Trata-se do sistema de partida a frio, ainda um problema no dia-a-dia do motorista. De acordo com pesquisas da fabricante Magneti Marelli, muitos usuários esquecem de abastecer o reservatório, como ocorria na época do carro a álcool, ou até colocam outro tipo de líquido. Outro problema é que em cidades quentes a gasolina não é utilizada. Com isso, o combustível envelhece, prejudica o sistema de injeção e, em determinados casos, danifica o reservatório.

O sistema de injeção atual é semelhante à alimentação antiga. Ele facilita a partida do motor em temperaturas inferiores a 15°C e também funciona durante o aquecimento do motor, melhorando a dirigibilidade. Para que isso funcione normalmente foi acrescentado ao coletor de admissão um orifício calibrado para a injeção da gasolina após a borboleta.

A central de injeção do motor gerencia o funcionamento com dois combustíveis e as infinitas misturas entre eles. O componente tem um processador maior, com capacidade ampliada para analisar o imenso fluxo de informações que recebe a cada momento da sonda lambda (que analisa os gases de escapamento) e do sensor de nível de combustível, adequando o fluxo aos injetores e à mistura ar-combustível.

O álcool possui características físicas diferentes da gasolina. Para temperaturas abaixo dos 15ºC, com o tanque a 100% de álcool, a partida é prejudicada. Uma solução paliativa é a mistura de até 15% de gasolina na hora de abastecer. O procedimento facilita a partida, mas não a garantirá a temperaturas significativamente baixas.

Pensando nesse problema e de olho no potencial do mercado de exportações, a Bosch e a Magneti Marelli lançaram um dispositivo que aquece o álcool até a temperatura ideal para a partida. Ou seja, a tecnologia elimina a necessidade do reservatório de gasolina. O desenvolvimento serve para atender aos veículos de exportação e nacionais. Segundo pesquisas, a maioria dos usuários utiliza os bicombusíveis abastecidos com 100% de álcool.

Na Europa e nos EUA, estudos envolvendo proteção ao meio ambiente e a crise do petróleo impulsionaram o uso de combustíveis alternativos. Na Europa, a gasolina já recebe uma quantidade razoável de álcool extraído da beterraba, enquanto nos EUA a extração vem do milho.

O sistema da Magneti Marelli, denominado de ECSS - Ethanol Cold Start System - que até o fim de 2006 deverá equipar os carros nacionais, funciona por meio da evolução de um software da centralina com um aquecedor integrado ao sistema de injeção eletrônica, permitindo que o álcool atinja a temperatura de 80º C. Após o aquecimento, o combustível é injetado no coletor de admissão e segue para o processo de combustão tradicional.

O jornal Oficina Brasil visitou a fábrica da Magneti Marelli em Hortolândia, interior de São Paulo, e conheceu de perto como funciona o sistema. Dentro de uma câmara fria, a -3ºC, dois protótipos estavam com 100% de álcool no tanque, um Fiat Palio e um Volkswagen Fox. O tempo de partida foi normal, cerca de 10 segundos. De acordo com os responsáveis pelo desenvolvimento do software, calibração e construção dos protótipos, Antônio Anciães, Antônio Diederik, Cassius Lucente, Marcos Pelterlini e Rodrigo Ribeiro, inúmeros testes são feitos nas mais adversas temperaturas. Às vezes, regulamos a câmara para -30ºC e a partida não falha de maneira nenhuma, explica Lucente. Pelterlini conta que em determinadas ocasiões o sistema demora mais tempo para esquentar o álcool, porém, a diferença é de fração de segundos. A conta é simples. Quanto mais gelado estiver, mais tempo o processo leva, conta Ribeiro.

Apesar de lembrar o sistema de partida utilizado nos carros antigos e movidos a diesel, nos quais o usuá-rio tinha de esperar para virar a chave até o acendimento de uma luz indicativa no painel, Silvério Bonfiglioli, presidente da Magneti Marelli do Brasil, afirma que o ECSS é completamente diferente. O bico injetor do sistema segue o desenho de um pentagrama, com cinco furos. Testamos de várias maneiras e a melhor configuração para o sistema é essa, afirma Bonfiglioli.

Ao contrário da marca italiana, a alemã Bosch colocou o sistema de aquecimento incorporado ao bico injetor. Segundo Fábio Souza Ferreira, gerente de desenvolvimento de produto da Bosch, o sistema faz o álcool atingir a temperatura ideal para efetuar a queima. Para achar o ponto ideal da queima todo o processo é controlado por um software, que informa a temperatura do combustível e a monitora para o funcionamento ideal do motor, comenta Ferreira.

Ele acrescenta que a marca trabalha para implantar a novidade em todos os veículos bicombustíveis fabricados no Brasil. De acordo com o gerente de desenvolvimento, o projeto é 100% nacional.

A Delphi não divulgou nenhum sistema semelhante, mas alegou por meio de sua assessoria de imprensa que tem um sistema semelhante pronto, aguardando apenas por encomendas.

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Última modificação: 04 outubro, 2005